quinta-feira, 31 de março de 2011

FILOSOFIA DA RELIGIÃO

CONCEITOS

Através das transcendências nós podemos dar sentidos às coisas. Em toda a religião encontra-se transcendência.

Crença: crer é uma atitude individual / subjetiva.
A crença é sempre indemonstrável e não se verifica.
Quando se fala de crença há sempre um engajamento subjetivo.

Sagrado: Toda a religião tem o sagrado. O poder que àquele que crer concede às palavras, lugares, acontecimentos.
O poder simbólico de uma realização de uma presença transcendente – ultrapassa às próprias coisas.
O sagrado relativiza o que não é sagrado, o profano. E o que é considerado sagrado se torna divino. O profano não necessariamente mal.
É a religião ou o religioso que decide o que é sagrado.
Uma vez que sou eu ou a religião quem decide o que é o sagrado, o sagrado tem o fundamento nele mesmo, não necessita de comprovação.

Mito: Toda a religião tem Mito.
Narrativa que dramatiza situações primordiais. Ex.: O surgimento, a criação, a morte.
São explicações simbólicas.
Procura falar do que é essencial e permanente no humano, sempre de maneira simbólica.
Oferece uma multiplicidade de interpretações possíveis.

Símbolos: Toda religião tem seus símbolos.
Os símbolos são sempre criações convencionais, dependem de um contexto e será sempre interpretado;
É sempre um sinal que indica e representa outra realidade;
Precisa de um contexto para ser interpretado porque sempre remete a uma experiência vivida;
Sempre inspira sentido, porque vai falar de algo que só é possível através de imagens.

Rito: Toda a religião tem o seu rito.
Uma forma de rememoração. Acredita-se que tem o poder de trazer para o presente, vínculos com o sagrado;
Situa a rememoração no espaço sagrado;
Repete um acontecimento essencial para a fé – crença. Ele volta a acontecer abolindo o espaço entre o passado e o presente.


RENNE DESCARTES – 1546 / 1650
Filósofo racionalista.
Obras: Meditações metafísicas e Discurso do Método.

O racionalismo diz que só há conhecimento por meio da razão. A fé não é critério de conhecimento e sim da razão.
A razão é uma capacidade que todo o ser humano é dotado. Dando o mesmo contato com a verdade por meio da intuição sem interferência da sensibilidade não sendo este critério de conhecimento e sim a razão.

O mais importante da razão e da intuição é a IDÉIA;

Só pensamos com a idéia. O pensamento é sempre um encadeamento lógico de idéias lógicas;
A idéia de Deus é inata. Nós nascemos com a idéia de Deus como cada um nasce com as idéias – as idéias são inatas;

1 – Se a idéia de Deus é inata, Deus é a causa da idéia de Deus. Tudo o que existe tem causa. Se eu tenho a idéia de Deus tem que haver Deus para que tenha a idéia de Deus;
2 – Deus é a causa da idéia de Deus em mim;
3 – Deus é a causa de mim tendo a idéia de Deus;

É a intuição que determina que em primeiro lugar a minha existência prova a existência de Deus e não o inverso.

O ESQUEMA CAUSAL

  • Tudo o que é tem causa;
  • A existência de alguma coisa se deduz de uma causa;
  • Penso em Deus. Se eu penso em Deus tenho idéia de Deus. Se eu tenho esta idéia há uma existência causal. Deus tem que existir para que tenho a idéia de Deus. Aquele ser que tem a idéia de Deus e não é Deus, é causado por Deus;
  • Toda a criatura é imperfeita. Sendo imperfeita, a causa não pode ser imperfeita. O que é imperfeito sempre remete para uma causa perfeita ou mais que perfeita;
  • Se há imperfeito tem que haver o perfeito;
  • Se há imperfeição tem que haver perfeição que é Deus. A causa de tudo.

SPINOZA – 1632 / 1677
Filosofo Racionalista
Obras: Ética e Tratado religioso político.

ÉTICA

  • Deus é necessidade absoluta de ser. Deus é a única substância, a substância necessária para que outros existam. Aquele que é necessário existe por si e não precisa de outra existência para existir: Existência necessária;
  • Deus é dedutível pelo intelecto. A existência de Deus se deduz racionalmente e se faz da idéia do existente necessário; A existência necessária é a única substância que é Deus. As outras são modos de substância;
  • Deus é a substância infinita e necessária – Todas as outras coisas só podem ser concebidas a partir de Deus.

TRATADO RELIGIOSO - POLÍTICO

O sistema religioso se concretiza pela institucionalização da crença.
Esta institucionalização ritualiza a existência de quem crê.
Enquanto dura a crença, os crentes são dominados por esta crença.
Se o mundo fosse a favor das pessoas, os homens nunca seriam prisioneiros das crenças.
Essas crenças nascem do medo e da impotência do homem diante do mundo.
Essas crenças consolidam as relações entre religião e política. O estado se torna autoritário.


KANT – 1724 / 1804
Filósofo Idealista.
Suas obras: A Critica da razão e A religião dos limites da própria razão.
Deísta: Pode se crer em Deus pela revelação sem a graça e sem a fé.

A Razão procura 03 conhecimentos:
1 . Conhecer o Mundo – A síntese das experiências objetivas;
2 . Alma – A síntese das experiências subjetivas;
3 . Deus – Síntese Suprema.

  • Não existe conhecimento puramente objetivo – está sempre condicionado ao sujeito;
  • Não existe conhecimento puramente subjetivo – a determinação do mundo que é síntese do objeto, está condicionada pela subjetividade;
  • Rejeita as provas racionais da existência de Deus – Deus não precisa destas provas racionais;
  • As provas racionais não provam a existência e nem a inexistência de Deus. Provando ou não, crê-se pela razão.
  
Conhecimento Transcendental

A indagação pelas condições de possibilidade do conhecimento de um objeto que já está no próprio sujeito – existe conhecimento que já está no sujeito.

Dedução transcendental

Para se falar de Deus, precisa-se desta dedução.
Só utiliza conceitos puros do entendimento e é puramente formal – não se relaciona a nenhuma experiência.

Fontes do conhecimento:
Sensibilidade – Experiência.
Razão – Entendimento.


SOBRE RELIGIÃO

  • O que leva alguém à religião é a moral. A moralidade é uma lei que está impressa em toda a humanidade;
  • Cada um procura a religião que é a idéia do bem;
  • As religiões contem idéia de Deus: Sem idéia de Deus a virtude que o homem pratica não permite a felicidade. Toda a moral prega a pratica de virtudes. A religião é a possibilidade de se realizar no mundo a união entre moralidade e felicidade;
  • Religião é o conhecimento dos seus deveres

CONDUTA MORAL – EXIGÊNCIA DE DEUS

A religião encerra normas práticas de moralidade.
A religião supõe a existência de Deus e a imortalidade da alma.
Desenvolve a propensão de fazer o bem com a ajuda da religião.
A religião quer transformar as intenções do ser humano.
A religião transforma a tendência ao só cumprimento do dever para a idéia de santidade.
Admiração do sacrifício e ações virtuosas.

TIPOS DE RELIGIÃO

Do culto: procura nas suas ações os favores de Deus;
Moral: Incentiva que cada um deve fazer o bem e fazer o melhor possível para ser sempre melhor.
Não precisa saber nada de Deus, mas exige-se fazer o bem, ter um comportamento moral para ser melhor.

Crítica de Kant:

Ao invés de fundar comunidades, a Igreja teria mais autoridade se reunisse pessoas de boa vontade e fazer a razão se inclinar para a fé. As religiões pedem que você renuncie à razão.
F. HEGGEL – 1770 / 1831
Filósofo idealista.
Suas obras: Lições sobre filosofia e A fenomenologia do Espírito.

LIÇOES SOBRE FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Tanto a Filosofia quanto a religião estão buscando a verdade.
A religião procura conciliar o finito com o infinito. Pegar a vida finita e levar para a vida infinita.
Há 3 formas de consciência religiosa (só imanente):

  1. Individual – tem certeza mas não justifica nenhuma certeza;
  2. Intuição – A consciência imediata que se tem da crença e da fé. Um conhecimento imediato que se tem de Deus. Não necessita que se fale ou que se ouça a respeito Dele.
  3. Representação – Fica no nível do pensamento. No campo da reflexão.

Religião e política não são opostas.
Uma reflexão sobre fanatismo: "A religião se torna fanatismo se se fixa na forma religiosa e recusa a objetividade do mundo. A forma religiosa é o modo de expressão de uma religião".

A religião está na base da vista ética – teoria de princípios. Idéia sobre a origem da religião.
A ética por meio da religião e esta por meio da ética.

O homem religioso conserva duras características:

* Isolamento e infelicidade.
* Isto porque ele crê no infinito.

A vida religiosa é uma vida na infelicidade sem satisfação. Por causa desta característica é que a religião não acaba.

A infelicidade tem duas fontes:

1. O desejo da imortalidade individual;
2. O medo servil e escravizante da morte.

A vida na infelicidade é uma vida sem satisfação interior. O homem religioso é insatisfeito.

A religião cria uma opção entre o mundo humano e mundo divino. O homem religioso escolhe o que é transcendente – definido como absoluto, aquilo que está fora do mundo, está no espaço temporal.
A religião vai considerar o transcendente como divino. O religioso vai se escravizar a este divino. Ele se torna escravo por não conseguir superar a divisão que já aceitou da realidade.
Tendo feito a escolha, passa-se a dedicar somente a Deus que já colocou como oposto ao mundo.
Ele é escravo porque não consegue realizar a liberdade e fica preso a infelicidade da sujeição.
Quando o homem religioso age, ele pensa que quem age é Deus. Desta forma ele nuca age, assim é escravo.
“Para livrar-se da infelicidade para chegar à insatisfação, chegar à realização do seu ser, o homem deveria abandonar a idéia de ‘além”. Reconhecer que sua realidade e ação, são suas livremente efetuada; Compreender que a religião não é nada fora do mundo, é onde nasce, vive e morre e onde poder realizar o que deseja no mundo.

Realizar a plenitude é realizar o que deseja de si mesmo. Ao compreender isto, o homem deixa de ser infeliz, se torna o homem, o ser da razão. Não ter religião.

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