sábado, 20 de março de 2010

CONHECER A DEUS

Eu é que sei que pensamentos tenho sobre vós; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então me invocareis, passareis a orar a mim e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me encontrareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte….” Jeremias 29:11-14a.



Na maioria das vezes, nosso “conhecimento” de Deus é baseado naquilo que aprendemos a seu respeito com outras pessoas ou na nossa própria concepção de Deus.

Vivemos uma época em que todos os pontos de vista são aceitos, e as pessoas se sentem aptas a tirar suas próprias conclusões – quase sempre teóricas – sobre todas as coisas, pois tudo se tornou relativo. Sendo assim, Deus se transforma naquilo que queremos ou entendemos que Ele seja e funciona conforme as nossas conveniências. No entanto, conhecer alguém consiste em muito mais que teorias particulares ou apenas ouvir dizer a seu respeito. Consiste em um contato pessoal. Com Deus não é diferente.

É verdade, somos seres naturalmente egoístas e, em matéria de Deus, quase sempre o procuramos só quando estamos com a corda no pescoço. Nossa concepção de Deus é de que ele seja uma espécie de gênio da lâmpada e sua principal finalidade é a de realizar a lista dos nossos desejos, que é infinitamente maior que apenas três. Então passamos a buscá-lo com toda intensidade a fim de conseguirmos o que queremos. O que nem sempre percebemos é que, antes de nos satisfazer, Deus deseja revelar-se a nós e faz isso através dos nossos dissabores, pois só o buscamos com o coração aberto quando sofremos. Os momentos de dificuldade são uma porta aberta para o nosso encontro com o Deus real, aquele que é imutável, que foi ontem, é hoje e será para sempre. Aquele que não pode evoluir porque é a essência da perfeição, aquele que não se adéqua a nada nem a ninguém, pois é soberano e fiel aos seus próprios princípios que são retos e justos.

Assim, quando questionamos nossas próprias atitudes e abrimos o coração diante de Deus, não só para que Ele nos atenda, mas, especialmente, para que nos mostre a Sua vontade e aja em nosso favor, então conhecemos o Seu amor e interesse por nós. É aí que Ele nos ensina o que quer que aprendamos, a direção que deseja que sigamos, os planos que tem para nós. Como fazer isso? Através da oração e da leitura da Bíblia. Não há outra forma. Quando oramos, falamos com Deus. Quando lemos a Sua Palavra, Ele fala aos nossos corações. E quando fazemos isso com os olhos do Espírito, automaticamente o nosso foco muda, deixando de ser o problema e passando a ser o próprio Deus. Então temos a clareza de como somos ínfimos diante da grandeza deste Deus, “que é poderoso para fazer muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós. A Ele seja a glória…” Efésios 2:20-21a.

Deus tem muito a fazer por nós e através de nós, mas Ele tem seus próprios meios para o realizar. Rendermo-nos à Sua soberania é a coisa mais acertada a fazer, ainda que a Sua reposta aos nossos pedidos frustre as nossas expectativas. Mas, então, Ele nos surpreenderá. Porém, apenas quem busca conhecê-lo de todo o coração é capaz de se submeter a Ele confiadamente e com a fé renovada a cada dia.



Os Hebreus

A Epístola aos Hebreus




INTRODUÇÃO

Apesar de que poucos escritos do Novo Testamento sejam mais impressivos em sua eloqüência, beleza e força de expressão, nenhum livro apresenta maior numero de problemas sem solução do que esta epístola aos Hebreus. Até o seu próprio titulo tem sido criticado, portanto não se trata de uma epístola e, sim, de um excelente trabalho dirigido aos crentes em todas as regiões e, não apenas a algum isolado grupo de hebreus convertidos ao cristianismo. É chamada de epístola, e realmente o é, mas de tipo todo peculiar. De fato, começa como um tratado, prossegue como um sermão e termina como uma epístola. Seu valor se baseia, essencialmente, no quadro ousado que apresenta a respeito de Cristo.
Cristo é o Filho de Deus, superior aos profetas, verdadeira deidade, criador, objeto de exaltação por todo o universo, superior aos anjos. Cristo é o grande Sumo Sacerdote que transcende a todos os sacerdotes. O tema central deste tratado é o sacerdote de Cristo.
Cristo é o Sumo Sacerdote que trouxe à fruição tudo quanto era meramente prefigurado nas formas anteriores de adoração. Essas formas anteriores eram sujeitas a modificações, e, de fato, sofreram mudanças; mas, por detrás delas, há uma realidade imutável, encontrada na pessoa de Cristo – tal como diz a explicação platônica do mundo: por detrás de todas as formas visíveis e temporárias da existência, há um mundo invisível, mas bem real, imutável e perfeito, que age como modelo da criação e que, ao mesmo tempo é o alvo de tudo aquilo na direção do que tudo se esforça, a fim de que suas perfeições e sua eternidade sejam compartilhadas. Na revelação cristã, esse mundo eterno é exposto perante os homens mais claramente do que jamais o foi no passado. Nessa revelação se vê que, na pessoa de Cristo, são exibidas as grandes verdades e realidades religiosas. Esta epístola, pois, consiste essencialmente na revelação da elevada dignidade e do imenso valor de Cristo, e, como tal, assume lugar ao lado do evangelho de João, e das epístolas aos Colossenses e aos Efésios, como as mais claras revelações sobre o Filho de Deus e sobre o que isso significa para os homens, que há entre nós.
Essa elevada revelação do Filho eterno de Deus, tão eloqüentemente retratada, tem mais do que mera motivação dogmática: o autor sagrado interessa-se por certos cristãos que, sob influencia de conceitos religiosos legalistas e pagãos, hesitavam em sua fé, correndo o perigo de abandonar o grande avanço na inquirição espiritual que é apresentada na revelação cristã. Essa é a razão pela qual Cristo é retratado em termos tão vividos e absolutos. Se alguém abandona a Cristo, não haverá mais lugar para onde se possa ir, porquanto a verdade de Deus está centralizada nele. Ele é o alvo final e absoluto de toda a existência. Outras religiões têm tido o seu valor, mas podem ser reputadas apenas cópias e imitações, algumas mais desejadas e outras mais perfeitas, daquilo que Deus finalmente, trouxe aos homens na pessoa de Cristo.


1) O autor

A Epístola não menciona nome e inicia sem qualquer endereçamento. O autor deve estar ligado à tradição da Igreja romana. Já a igreja antiga tentava adivinhar o nome do autor. Desde o século II, a igreja ocidental considerava Paulo o autor da mesma. No entanto, já os sábios alexandrinos Clemente e Orígenes perceberam que o próprio estilo da Epístola depunha contra a autoria de Paulo. Eles desenvolveram a hipótese do secretário. Clemente supunha que Paulo tivesse escrito a epístola em língua hebraica para hebreus e que Lucas tivesse traduzido para o grego.
Orígenes não quis fechar a questão, e opinou: “Só Deus sabe quem é o autor dessa epístola”. E essa opinião persiste até os dias de hoje.

2) Os destinatários

Aparentemente este é mais um mistério da carta, pois tudo o que sabemos para identificar os destinatários é o título que possivelmente deu-se pelo teor da carta. O título ligado a está carta no manuscrito mais antigo que existente é “Aos Hebreus”, e pelo que nos relata Guthrie, não há manuscrito da carta que não tenha esse título. O próprio Guthrie afirma na sua introdução que nos tempos de Clemente de Alexandria e de Tertuliano a epístola era conhecida por esse nome. Algumas hipóteses interessantes com relação aos destinatários originais da carta foram levantadas, baseados no teor da carta, Guthrie, por exemplo, expõe alguns indícios para a identificação dos mesmos:

(...) Certamente o autor sabe algo a cerca da historia e situação. (dos destinatários específicos.). Sabe que foram abusados pela sua fé e que reagiram bem ao despojamento das suas propriedades (10.33, 34). Tem consciência da generosidade dos seus leitores (6.10) e conhece o estado de mente atual deles (5.11ss.; 6.9ss). Certos problemas práticos tais como sua atitude para com seus líderes (13.17) e questões de dinheiro e de casamento (13.4,5) são mencionados. Se este for a verdade o título é claramente enganoso. (O título como endereçado a toda a comunidade hebraica, mas deporia a favor de um grupo mais específico, de conhecimento intimo do autor.) (...) Outra indicação da natureza do grupo pode ser deduzida de referencias tais como 5.12 e 10.25. A primeira é dirigida àqueles que nesta altura já deviam ser mestres, e isto deu origem à sugestão de que os leitores eram uma parte pequena de um grupo maior de cristãos. A sugestão mais favorável é que formavam um grupo numa casa que se separara da igreja principal. A exortação em 10.25 apoiaria esta opinião. Ali, o escritor conclama os leitores a não deixarem de congregar-se juntos. Parece razoavelmente conclusivo que a totalidade de um igreja não teria sido considerada mestres em potencial, e é altamente provável que um grupo separatista pudesse ter se considerado superior aos demais, especialmente se foram dotados com dons maiores. O tema que nesta Epístola é argumentado de modo compacto está de acordo com a sugestão de que um grupo de pessoas com um maior calibre intelectual está em mente. (...)

Laubach, também afirma que a exortação constante em Hb 5.11 – 14 sugira a suposição de que a carta talvez seja dirigida apenas a um determinado grupo de fiéis específicos de uma comunidade, do qual estariam excluídos os irmãos dirigentes, os líderes da comunidade.Porém a opinião mais comum, principalmente entre os comentaristas mais antigos é de que a localização dos destinatários estaria entre os judaico-cristãos da Palestina ou de Roma, ou outras cidades em que houvesse judeus-cristãos de formação helenista, p. ex. , em Éfeso, Tessalônica, Alexandria. Também é levantada a hipótese de que os receptores da carta seriam judeus – cristãos de origem sacerdotal.
Por ultimo podemos citar a hipótese de que os destinatários seriam membros antigos da comunidade dos essênios em Cunrã que se converteram ao cristianismo, este ponto é citado tanto por Guthrie como de passagem por Dattler, mas como esta hipótese não é melhor desenvolvida por nenhum dos autores concluímos que é pouco sustentável.
Constatamos então que assim como a autoria é desconhecida, o destinatário também não é por completo de identificação clara. Apesar das conjecturas não terminarem aqui, Guthrie mesmo levanta a questão da possibilidade dos leitores originais serem gentios, cremos que há uma sustentação um pouco maior por serem judeu-cristãos de uma comunidade específica, porém de localização vaga.

3) Data e local da redação

A exemplo das epistola paulinas, a Epistola aos Hebreus é citada literalmente como documento respeitado, na primeira Epistola de Clemente, datada do ano 96, embora sem referência expressa. Conclui-se, pos, que deve ter sido redigida algum tempo antes do ano 96. Por outro lado, autor e destinatários pertencem à segunda geração (Hb 2,3). Isso sugeriria a data de redação após o ano 70.
Sobre o local da redação A Bíblia de Jerusalém afirma que baseado no Cap. 13, 24, pode-se supor que foi enviada da Itália, e que tenha sido escrita antes da queda de Jerusalém.

4) Canonicidade

Desde os tempos dos Padres Apostólicos foi reconhecida unânimemente a autenticidade paulina com caráter escrito divinamente inspirado (canonicidade) da Epístola aos Hebreus. Por exemplo, S. Clemente Romano, 4º Papa, no l séc., conhece perfeitamente a Epístola aos Hebreus: na sua Epístola aos Coríntios cita-a 12 vezes e sempre como escritura inspirada. O autor da II Epístola aos Coríntios conhece-a profundamente e a cita livremente. Aludem-se a ela a Epistola dita de Barnabé e o Pastor de Hermas.

Em algumas regiões do Ocidente, principalmente na África, por causa dos abusos que desta Epístola alguns hereges (montanistas, novacianos e donatistas), tentando apoiar nela a sua tese de irremissibilidade de certas faltas cometidas depois do batismo, nasceram no meado do ll século hesitações e dúvidas que duraram até à metade do lV séc. Superadas estas preocupações dogmáticas, desde o séc. V foi unânime e constante o ensino da Igreja universal, culminado com a decisão do Concílio Tridentino que na definição do Cânon dos livros inspirados enumera 14 epístolas paulinas, inclusive Ad Hebreos (D. 784). A canonicidade da Epístola aos Hebreus é, portanto, uma verdade de fé.

5) Motivo e propósito

A condição espiritual se reveste dos receptores da epistola tem muito maior significação que sua localização geográfica. O escritor claramente contrasta o estado em que seus leitores se encontram com o estado em que estavam anteriormente, com o em que deveriam estar, e com o estado em que pareciam estar no perigo de cair. Ainda que crentes eram indolentes (Hb 5.11-6.12) e desanimados (Hb 12.3-12). Haviam perdido seu entusiasmo inicial pela fé (Hb 3.6,14; Hb 4.14; Hb 10.23,35). Haviam deixado de crescer, ou melhor, de progredir, e sofriam de séria deficiência no que tange à compreensão e ao discernimento espirituais (Hb 5.12-14). Estavam deixando de freqüentar as reuniões cristãs (Hb 10.25) e de ser ativamente leais a seus líderes cristãos (Hb 13.17). Necessitavam ser novamente exortados a imitar a fé daqueles que os tinham precedido na viagem para a glória (Hb 13.7). Tendiam para ser facilmente levados ao redor por ensinos novos e estranhos (Hb 13.9). Corriam o perigo de não estarem à altura das promessas de Deus (Hb 4.1), desviando-se daquilo que tinham ouvido (Hb 2.1). Estavam mesmo no perigo de abandonar completamente a fé, numa deliberada e persistente apostasia (Hb 3.12; Hb 10.26); e esse perigo tornar-se-ia mais grave se deixassem de freiar qualquer dentre seu número que estivesse se movendo nessa direção (Hb 3.13; Hb 12.15). Caso cederem a tal tentação e vierem a rejeitar realmente o Evangelho de Cristo, não poderão esperar senão o julgamento (Hb 10.26-31).
Particularmente na qualidade de quem anteriormente haviam sido zelosos aderentes do judaísmo, parece muito provável que os leitores originais da epístola tinham ficado pessoalmente desapontados com o Cristianismo porque, por um lado, ele não lhes tinha proporcionado qualquer reino visível terreno e, por outro lado, o Cristianismo havia sido decisivamente rejeitado pela grande maioria dos seus irmãos de raça, os judeus. Além disso, o continuo apego ao Evangelho parecia apenas envolvê-los na participação das repreensões injuriosas de um Messias sofredor e crucificado, e no ter de enfrentar a possibilidade de violenta perseguição anti-cristã. É bem possível, portanto que se sentissem seriamente tentados a renegar a Jesus como o Messias e tornar a abraçar os bens visíveis e preferíveis, que o judaísmo parecia continuar a oferecer-lhes.
Guthrie acrescenta que o cristianismo não poderia oferecer paralelo com relação à pompa ritual que eles haviam conhecido como costume. Ao contrário do Templo, que todos os judeus respeitavam como o centro do culto, os cristãos reuniam-se em lares diferentes sem sequer terem um lugar central para suas reuniões. Não tinham nem altar, nem sacerdotes, nem sacrifícios. O judaísmo dispunha de um reconhecimento não só das autoridades como do povo em geral. Todas estas questões poderiam levar o convertido a querer rever suas posições.
Que era o judaísmo que assim os atraía, em detrimento do Cristianismo, parece confirmado pelo modo óbvio com que o escritor resolve, desde o início da epístola, demonstrar a superioridade do novo pacto sobre o antigo, exibindo particularmente a proeminente excelência de Jesus, o Filho de Deus, em comparação com os profetas e os anjos, os líderes e os sumos sacerdotes que operavam na antiga dispensação. Portanto, o escritor mostra que se a antiga ordem era imperfeita e provisória, o Cristianismo trouxe perfeição (Hb 7.19), e perfeição que é eterna (Hb 5.9; Hb 9.12,15; Hb 13.20). Tanto o autor como seus leitores originais aparentemente eram judeus helenistas que tinham alguma familiaridade com o pensamento filosófico dos gregos, e parece que o autor lança mão de idéias baseadas em tais origens ao declarar que a antiga ordem continha meramente "figura do verdadeiro" (Hb 9.24) ou então apenas a "sombra dos bens vindouros, não a imagem real das cousas" (Hb 10.1). Por outro lado, o Cristianismo é a própria verdade, a celestial e ideal realidade, que possui real e absolutamente todos aqueles valores inerentes que naquela ordem antiga, quando muito, podem apenas serem refletidos ou prefigurados. Não obstante, visto que seus leitores reconheciam a autoridade divina das Escrituras do Antigo Testamento, seu argumento final em favor do reconhecimento da superioridade de Cristo sobre os anjos e sobre o sacerdócio levítico, e a favor da superioridade de Seu sacrifício de Si mesmo-sobre os sacrifícios de touros e bodes, é o testemunho profético do próprio Antigo Testamento. Ver Hb 1.5-13; Hb 7.15-22; Hb 10.5-10.

O propósito do escritor, por conseguinte, era tornar seus leitores plenamente cônscios, primeiramente, da admirável revelação e salvação dada por Deus aos homens, na pessoa de Cristo; em segundo lugar, deixá-los plenamente cônscios do verdadeiro caráter celestial e eterno das bênçãos assim livremente oferecidas e apropriadas pela fé; e em terceiro lugar, para dar-lhes plena consciência do lugar de sofrimento e paciente persistência (mediante a fé) no presente caminho terreno até o alvo do propósito de Deus, conforme demonstrado na experiência e na obra do Capitão de nossa salvação e na disciplina de Deus aplicada a todos os Seus filhos. Em quarto lugar, ainda, para proporcionar-lhes consciência do terrível julgamento que certamente sobrevirá a qualquer que, conhecendo tudo isso, rejeitar tal revelação em Cristo. Tendo-se esforçado para torná-los cônscios de tudo isso, o propósito complementar do escritor é impeli-los a agir de conformidade com esse conhecimento. Tais propósitos são apresentados através da epístola inteira mediante o emprego de exposição racional, exortação desafiadora e solene advertência.
O texto da Carta, conforme vimos anteriormente, tinha a clara intenção de demonstrar que apesar de tudo que o culto judaico poderia oferecer, o cristianismo era de sobremaneira melhor, e caberia aos irmãos caminharem na fé.


6) O método exegético

O autor segue, a princípio, as formas de pensar de seu mundo. Essas formas de pensamento se nos deparam mais estranhas justamente quando o autor deriva e fundamenta explicações exegeticamente. Isso ocorre em 2,6-9, onde é interpretado o Sl 8, e em 3,3ss que é uma exegese de Nm 12,7. E 3,7-4,11 é uma explicação de Sl 95,7-11 nos moldes do midraxe. Especialmente estranha é a exegese da perícope que fala de Melquisedeque (Gn 14,17-20) nos versículos 7,1-10. A exemplo de Filão arranca do nome “Melquisedeque” um significado etimológico misterioso (7,2), e do silencio da Escritura sobre origem, nascimento e morte de Melquisedeque postula-se sua eternidade (7,3). A relação entre a palavra Escrita e da verdade atual é estabelecida, nos exemplos citados, pelos mesmos métodos exegéticos usados no mundo dos judeus e helenista, pelo menos formalmente.
Seu conteúdo, porem, sempre confere um caráter diferente a esse método exegético. Pois no caso a Escritura é relacionada, por princípio, à ação de Deus em Jesus! Se, porém, essa ação de Deus em Jesus é de fato o objetivo do AT, essa exegese adquire relevância apesar das formas de pensamento condicionadas a seu mundo. Examinemos, em primeiro lugar, associações diretas de palavras do AT com Cristo e sua Igreja!
Hebreus não cita o AT com profecias. Por essa razão também não estabelece a relação entre palavra do AT e Cristo conforme o esquema “profecia” – “cumprimento”. Em hebreus, Deus fala a Cristo ou à Igreja diretamente através de palavras veterotestamentárias. Tomemos por exemplo 4,5-7, o trecho-chave para o sacerdócio de Cristo; a palavra do Sl 110,4 é entendida diretamente como palavra de nomeação de Deus a Jesus: “Cristo não se glorificou a si mesmo para se tornar sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (foi quem lhe deu essa honra). Não obstante, essas associações de forma alguma são arbitrárias. Constata-se que o procedimento do autor pode ser resumido em determinadas regras também e justamente por intermédio dos critérios de um enfoque histórico.

  •  6.1 - São aplicadas a Cristo palavras do AT sobre o rei de Israel: Sl 2 em 1,5; Sl 110 em 1,3.13; 5,6; 7,15.17.21; 10,13; 12,2; e ainda Sl 45 em 1,8 e 2 Sm 7,14 em 1.5.

  •  6.2 – As referências dos salmos ao caminho do justo são aplicadas a Jesus, o que certamente constitui uma tradição exegética da igreja primitiva que remonta a Jesus (§ 18, VII, 3): Sl 22 em 2,12; Sl 8 em 2.6ss; Sl 40 em 10,5-15.

  •  Palavras referentes a profecias do AT sobre o Kyrios = Jahvé são associadas a Jesus: 1,6 (=Dt 32,42) e 1,10-12 (=Sl 110).

  • Em analogia, uma palavra dirigida a Israel é aplicada diretamente à Igreja (3.7-11). Ao ordenarmos e verificarmos dessa maneira a exegese pneumática de Hebreus, estamos aplicando um enfoque que a própria epístola desenvolve: a assim chamada interpretação tipológica do AT.

7) A teologia

Embora, ainda hoje, não se tenha a confirmação de quem seja o autor desta carta, é muito importante que nós, como cristãos, nos esforcemos por entender a sua mensagem. Que nos induz a compreender a divindade e sua revelação que inspira nossos corações.
Heinrich Julius Holtzmann, com tendência unilateral e provocadora, vai dizer: “Toda a filosofia da Epístola aos Hebreus se movimenta dentro do esquema alexandrino do antagonismo metafísico de idéia e fenômeno, eterno e finito, celeste e cósmico, protótipo e cópia”. Ele tinha em mente o fato de, segundo a Epístola aos Hebreus, o serviço sumo-sacerdotal em Cristo se realiza num santuário celeste como o dos sumos sacerdotes levitas se realizava num santuário terreno (8.5; 9.1-11.23). Mas será que Epístola aos Hebreus de fato pensa em primeiro lugar nesse dualismo cósmico-helenista vertical, ou estaria pensando na horizontal histórico-salvífica, a exemplo de Jesus e Paulo? Para a cristologia isto significa o seguinte: É Jesus o fenômeno de uma idéia eterna, ou aquele que vem consumar a História? E para a soteriologia: É a salvação do homem o arrebatamento da alma para a pátria superior, ou a participação do êxodo do novo povo de Deus?

A resposta a essa pergunta pelo método básico que serve de ponto de partida a Hebreus, é assinalada por sua compreensão das Escrituras e exploração dela. Em sua exegese, de fato, a vertical aparece duas vezes. Em 12.22 e 13.14 fala da Jerusalém celestial. Filão lembra que, a exemplo do dualismo platônico-gnóstico, sempre justapõe ao mundo de categoria inferior o mundo celeste ideal. Também Hebreus não toma apenas o santuário descrito em Êx. 25.40 por mera figura. Para ele constitui-se em símbolo de uma realidade. Ao dizer: “Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura apenas do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer perante Deus por nós” (9.24). Hebreus qualifica este santuário celestial e o serviço sacerdotal celeste com a terminologia dualista. A exemplo de João, o termo alethinos (verdadeiro) caracteriza o verdadeiro em contraposição ao não verdadeiro, dentro do pensamento dualista. No entanto há que se notar que tanto em João como em Hebreus o verdadeiro não é qualificado de cósmico, mas mediante a relação imediata com Deus. São elementos dualistas da filosofia helenista e gnóstica primitiva que Hebreus recorre, mas que lhe servem apenas de meios para expressar a supremacia escatológica de Cristo. Ao contrário disso, é a horizontal histórico-salvífica a base de seu pensamento teológico que se expressa na exploração tipológica da Escrituras, que é o caso bem mais freqüente.
Qual é a intenção dessa interpretação da Escritura que não tem paralelo comparável em todo o NT nem quanto à intensidade nem quanto à perfeição formal? Muitas vezes se lhe atribuíram intenções apologéticas ou polêmicas: o autor se teria proposto a apresentar uma prova bíblica para sua cristologia a partir do AT que para os leitores constituía uma autoridade, e, ao mesmo tempo, reivindicar polemicamente para os cristãos esse mesmo AT. No entanto, em parte alguma se observam argumentos polêmicos ou apologéticos, tais como em Mateus ou nas desavenças de Paulo com judaístas e judeus.
Constata-se nessa epístola que através de uma exegese tipológica do AT intenciona-se interpretar de forma compromissiva a situação atual da igreja e a aparição de Cristo. No caso, a tipologia não é de forma alguma apenas uma maneira de pensar aplicada secundariamente, com intenção de anexar ao AT uma imagem de Cristo construída através de especulação. A tipologia é, pelo contrário, o método produtivo específico da igreja primitiva para a exegese das Escrituras. Seu conceito de Cristo como sendo o Sumo Sacerdote, a epístola aos Hebreus decerto não o desenvolveu espontaneamente apenas do AT. Ela recorreu à tradição. No entanto, os detalhes desse conceito ela os obteve em grande parte através do estudo próprio das escrituras.

8) Conclusão

Como afirmamos na apresentação, apesar de todos os mistérios que rodeiam a carta aos Hebreus, podemos constatar que o autor independente de quem seja foi inspirado, todo o texto de Hebreus nos mostra e afirma a superioridade de Cristo a qualquer outra forma de buscarmos a Deus. O texto flui e somos arrastados pela coerência do autor aos pés de Jesus, onde pela perspectiva da carta podemos vislumbrar a grandiosidade de Cristo e de seu sacrifício na cruz.
Indubitavelmente a falta de certezas com relação ao autor, destinatários, locais, caem por terra após uma análise mais detalhada, pois fica claro que o autor é o Espírito Santo, os destinatários são todos os cristãos que possam estar abatidos ou desanimados, a época em que foi escrita é todo o momento em que é lida e inflama nosso coração coma a alegria da promessa de estarmos nos braços do Pai.




Bibliografia



  •  O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R.N. Champlin – E. Candeia.
  •  Teologia do Novo Testamento – Leonhard Goppelt; tradução de Martin Drehe e Ilson Kayser. 3ª ed. SP: Ed. Teológica, 2003
  • Carta aos Hebreus – Roberto Rohregger.

  • O Cristianismo em sua origem histórica e Divina – Pe. Pedro Cerruti S.J – Universidade Católica – 1963



terça-feira, 9 de março de 2010

Ao Anjo da Igreja em Pérgamo

APOCALIPSE 2:12-17

TEMA: O PERIGO DE A IGREJA MISTURAR-SE COM O MUNDO

INTRODUÇÃO

1. A carta à igreja de Pérgamo é um brado de Jesus é a igreja hoje. Essa carta é endereçada a você, a mim, a nós. Não pregarei esse sermão diante de vocês, mas a vocês. Examinaremos não apenas um texto antigo, mas sondaremos o nosso próprio coração à luz dessa verdade eterna.

2. O perigo que estava assaltando a igreja de Pérgamo era a linha divisória entre verdade e heresia. Como a igreja pode permanecer na verdade sem se misturar com as heresias e com o mundanismo? Como uma igreja que é capaz de enfrentar o martírio permanecer fiel diante da tática da sedução?

3. A palavra "pérgamo" significa casado". A igreja precisa lembrar-se que ela está comprometida com Cristo, é a noiva de Cristo e precisa se apresentar a igreja como uma esposa santa, pura e incontaminada. No Livro de Apocalipse o sistema do mundo que está entrando dentro da igreja é definido como a grande Babilônia, a mãe das meretrizes, enquanto a igreja é definida como a noiva de Cristo.

4. O ponto central dessa carta é alertar a igreja sobre o risco da perigosa mistura do povo de Deus com o engano doutrinário e com a imoralidade do mundo.


I. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E REVELA OS SEUS SINTOMAS

1. Cristo vê uma igreja instalada no meio do acampamento de Satanás - v. 13

A. Pérgamo, uma cidade com um passado glorioso

• Historicamente era a mais importante cidade da Ásia. Segundo Plínio "era a mais famosa cidade da Ásia".

• Começou a destacar-se depois da morte de Alexandre, o grande em 333 a.C. Foi capital da Ásia quase 400 anos. Foi capital do reino Selêucida até 133 a.C.

• Átalo III, rei selêucida, o último de Pérgamo, passou o reino a Roma em seu testamento e Pérgamo tornou-se a capital da província romana da Ásia.

B. Pérgamo, um importante centro cultural

• Como centro cultural sobrepujava Éfeso e Esmirna. Era famosa por sua biblioteca que continha 200.000 pergaminhos. Era a segunda maior biblioteca do mundo, só superada pela de Alexandria.

• Pergaminho deriva-se de Pérgamo. O papiro do Egito era o material usado para escrever. No século III a. C. EUMENES, rei de Pérgamo resolveu transformar a biblioteca de Pérgamo na maior do mundo. Convenceu a Aristófanes de Bizâncio, bibliotecário de Alexandria a vir para Pérgamo. Ptolomeu, rei do Egito, revoltadoembargou o envio de papiro para Pérgamo. Então, inventaram o pergaminho, de couro alisado, que veio superar o papiro. Pérgamo gloriava-se de seus conhecimentos e cultura.

C. Pérgamo, um destacado centro do paganismo religioso

1. Em Pérgamo ficava um grande panteão

• Havia altares para vários deuses em Pérgamo. No topo da Acrópole, ficava o famoso templo dedicado a Zeus, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Todos os dias se levantava a fumaça dos sacrifícios prestados a Zeus.

2. Em Pérgamo havia o culto a Esculápio

• Esculápio era o "deus salvador", o deus serpente das curas. Seu colégio de sacerdotes médicos era famoso. Naquela época mantinha 200 santuários no mundo inteiro. A sede era em Pérgamo. Ali estava a sede de uma famosa escola de medicina. Para ali peregrinavam e convergiam pessoas doentes do mundo inteiro em busca de saúde. A crendice misturava-se com a ciência.

• Galeno, médico só superado por Hipócrates, era de Pérgamo.

• As curas, muitas vezes, eram atribuídas ao poder do deus serpente Esculápio. Esse deus serpente tinham o título famoso de Salvador. A antiga serpente assassina, apresenta-se agora como sedutora.

3. Em Pérgamo estava o centro asiático do culto ao Imperador

• O culto ao imperador era o elemento unificador para a diversidade cultural e política do império. No ano 29 a.C. foi construído em Pérgamo o primeiro templo a um imperador vivo, o imperador Augusto. O anticristo era mais evidente em Pérgamo do que o próprio Cristo.

• Desde 195 a.C, havia templos à deusa Roma em Esmirna. O imperador encarnava o espírito da deusa Roma. Por isso, se divinizou a pessoa do imperador e começou a se levantar templos ao imperador.

• Uma vez por ano, os súditos deviam ir ao templo de César e queimar incenso dizendo: "César é o Senhor". Depois, podiam ter qualquer outra religião. Havia até um panteão para todos os deuses. Isso era símbolo de lealdade a Roma, uma cidade eclética, de espírito aberto, onde a liberdade religiosa reinava desde que observassem esse detalhe do culto ao imperador.

4. Em Pérgamo estava o trono de Satanás

• Naquela cidade estava o trono de Satanás. Ele não apenas habitava na cidade, mas lá estava o seu trono. O trono de Satanás não estava num edifício, como hoje sugerem os defensores do movimento de Batalha Espiritual, mas no sistema da cidade.

• O trono de Satanás é marcado pela pressão e pela sedução. Onde Satanás reina predomina a cegueira espiritual, floresce o misticismo, propaga-se o paganismo, a mentira religiosa bem como a perseguição e a sedução ao povo de Deus.

• Em Pérgamo estava um panteão onde vários deuses eram adorados. Isso atentava contra o Deus criador. Em Pérgamo as pessoas buscavam a cura através do poder da serpente. Isso atentava contra o Espírito Santo, de onde emana todo o poder. Em Pérgamo estava o culto ao Imperador, onde as pessoas queimavam incenso e o adoravam como Senhor. E isso conspirava contra o Senhor Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

• Cristo não apenas conhece as obras da igreja e suas tribulações. Mas também conhece a tentação que assedia a igreja, conhece o ambiente que ela vive. Cristo sabe que a igreja está rodeada por uma sociedade não-cristã, com valores mundanos, com heresias nos bombardeando a todo instante.

2. Cristo vê uma igreja capaz de enfrentar até a morte por causa do nome de Jesus - v. 13

• Cristo conhece também a lealdade que a igreja lhe dedica. A despeito do poder do culto pagão a Zeus, a Esculápio e ao imperador, os crentes da igreja de Pérgamo só professavam o nome de Jesus. Eles tinham mantido suas próprias convicções teológicas no meio dessa babel religiosa. A perseguição religiosa não os intimidou.

• A igreja suportou provas extremas. Antipas, pastor de Pérgamo, segundo Tertuliano, foi colocado dentro de um boi de bronze e este foi levado ao fogo até ficar vermelho, morrendo o servo de Deus sufocado e queimado. Ele resistiu a apostasia até a morte.

3. Cristo vê uma igreja que começa a negociar a verdade - v. 14

• Como Satanás não logrou êxito contra a igreja usando a perseguição, mudou a sua tática, e usou a sedução. A proposta agora não é substituição, mas mistura. Não é apostasia aberta, mas ecumenismo.

. • Alguns membros da igreja começaram a abrir a guarda e a ceder diante da sedução do engano religioso - Na igreja havia crentes que permaneciam fiéis, enquanto outros estavam se desviando da verdade. Numa mesma congregação há aqueles que permanecem firmes e aqueles que caem.

4. Cristo vê uma igreja que começa a ceder às pressões do mundo - v. 14

• Balaque contratou Balaão para amaldiçoar a Israel. Balaão prostituiu os seus dons com o objetivo de ganhar dinheiro. O deus de Balaão era o dinheiro. Mas quando ele abria a boca só consegue abençoar. Então Balaque ficou bravo com ele. Aí por ganância, aconselhou Balaque enfrentar Israel não com um grande exército, mas com pequenas donzelas sedutoras. Aconselhou a mistura. Aconselhou o incitamento ao pecado. Aconselhou a infiltração, uma armadilha. Assim, os homens de Israel participariam de suas festas idolatras e se entregariam à prostituição. E o Deus santo se encheria de ira contra eles e eles se tornariam fracos e vulneráveis.

• O pecado enfraquece a igreja. A igreja só é forte quando é santa. Sempre que a igreja se mistura com o mundo e adota o seu estilo da vida, ela perde o seu poder e sua influência.

• O grande problema da igreja de Pérgamo é que enquanto uns sustentavam a doutrina de Balaão os demais membros da igreja se calaram num silêncio estranho. A infidelidade aninhou-se dentro da igreja com a adesão de uns, e o conformismo dos outros. A igreja tornou-se infiel.

5. Cristo vê uma igreja que começa a baixar o seu nível moral - v. 15

• Eles ensinavam que a liberdade de Cristo é a liberdade para o pecado. Diziam: Não estamos mais debaixo da tutela da lei. Estamos livres para viver sem freios, sem imposições, sem regras. Esse simulacro da verdade era para transformar a graça em licença para a imoralidade, a liberdade em licenciosidade.

• Os nicolaítas ensinavam que o crente não precisa ser diferente. Quanto mais ele pecar maior será a graça. Quanto mais ele se entregar aos apetites da carne, maior será a oportunidade do perdão. Eles faziam apologia ao pecado. Eles defendiam que os crentes precisam ser iguais aos pagãos. Eles deviam se conformar com o mundo.

• Cristo odeia a obra dos nicolaítas. Ele odeia o pecado. O que era odiado em Éfeso era tolerado em Pérgamo.

II. CRISTO FAZ UM DIAGNÓSTICO DA IGREJA E IDENTIFICA A FONTE DO PECADO-V. 13

A fonte do pecado é diabólico - v. 13

• A igreja de Pérgamo viveu e adorou e testemunhou onde Satanás habita (v. 13b) e onde está o trono de Satanás (v. 13 a). Satanás não somente habitou em Pérgamo, ele também a governou. Satanás era a fonte dos pecados aos quais alguns membros da igreja tinham sucumbido. Seus numerosos templos, santuários e altares, seu labirinto de filosofias anticristãs, sua tolerância com a imoralidade dos nicolaístas e balaamitas ostentavam um testemunho em favor do domínio maligno.

• Precisamos apagar da nossa mente a caricatura medieval de Satanás. Despojando-o dos chifres, cascos e do rabo. A Bíblia diz que ele um ser espiritual inteligente, poderoso e inescrupuloso. Jesus o chamou de príncipe deste mundo. Paulo o chamou de príncipe da potestade do ar. Ele tem um trono e um reino e sob seu comando está um exército de espíritos malignos que são identificados nas Escrituras como "os dominadores deste mundo tenebroso" e "forças espirituais do mal nas regiões celestes".

1. Pérgamo, um lugar sombrio

• Pérgamo era um lugar sombrio. Ela estava mergulhada na confusão mental da heresia. Pois os reino de Satanás é onde as trevas reinam, ele é o dominar deste mundo tenebroso. Ele odeia a luz. Ele mentiroso e enganador. Ele cega o entendimento dos descrentes. Ele instiga os homens a pecar e os induz ao erro.


III. CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E JULGA OS QUE SE RENDERAM AO PECADO-V. 12,16

1. Jesus exorta os faltosos ao arrependimento - v. 16

• Arrependimento - A igreja precisava expurgar aquele pecado de tolerância com o erro doutrinário e com a libertinagem moral A igreja precisava arrepender-se do seu desvio doutrinário e do seu desvio de conduta. Verdade e vida precisam ser pautadas pela Palavra de Deus. Embora o juízo caia sobre os que se desviaram, a igreja toda é disciplinada e envergonhada por isso.

• A igreja precisa arrepender-se de sua tolerância com o erro - Embora apenas alguns membros da Igreja se desviaram, os outros devem se arrepender porque foram tolerantes com o pecado. Enquanto os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas, os crentes de Pérgamo, toleravam a doutrina e a obra dos nicolaítas. O pecado da igreja de Pérgamo era a tolerância com o erro e com o pecado.

2. Jesus sentencia os impenitentes com o juízo

• Juízo - A falta de arrependimento acarreta em juízo. Jesus virá em juízo condenatório contra todos aqueles que permanecem _impenitentes e contra aqueles que se desviam da verdade. Antipas morreu pela espada dos romanos. Mas quem tem a verdadeira espada é Jesus. Ele derrotará os seus inimigos com esta poderosa arma.

• A espada da sua boca é a sua arma que destrói seus inimigos. Essa é a única arma que

Jesus usará na sua segunda vinda. Com ela ele matará o anticristo e também destruirá os rebeldes e apóstatas.

• A mensagem da verdade se tornará a mensagem do julgamento. Deus nos fará responsáveis por nossa atitude em face da verdade que conhecemos. Jesus que a sua própria palavra é que condenará o ímpio do dia do juízo (Jo 12:47-48). A palavra salvadora torna-se juiz e espada benfazeja, transforma-se em carrasco.


IV. JESUS CRISTO DIAGNOSTICA A IGREJA E PREMIA OS VENCEDORES - V. 17

Os vencedores comerão do maná escondido - v. 17

• No deserto Deus mandou o maná (Ex 16:11-15). Quando cessou o maná, um vaso com maná foi guardado na Arca e depois no templo (Ex 16: 33,34; Hb 9:4). Com a destruição do templo, conta uma lenda que Jeremias escondeu o vaso com maná numa fenda do Monte Sinai. Os rabinos diziam que ao vir o Messias o vaso com maná seria recuperado. Receber o maná escondido significa desfrutar das bênçãos da era messiânica.

• O maná escondido refere-se ao banquete permanente que teremos no céu. Aqueles que rejeitam o luxo das comidas idólatras nesta vida, terão o banquete com as iguarias de Deus no céu. Bengel disse que diante desse manjar o apetite pela carne sacrificada a ídolos deveria desaparecer.

• O maná era o pão de Jeová (Ex 16:15), cereal do céu (SI 78:24). Era alimento celestial. Os crentes não devem participar dos banquetes pagãos, pois vão participar dos banquetes do céu. Jesus, é o pão do céu.


1. Os vencedores receberão uma pedrinha branca

• Era usada nos tribunais para veredicto dos jurados - A sentença de absolvição correspondia a uma maioria de pedras brancas e a de condenação a uma maioria de pedras pretas. O cristão é declarado justo, inocente, sem culpa diante do Trono de Deus.

• Era usada como bilhete de entrada em festivais públicos - A pedrinha branca é símbolo da nossa admissão no céu, na festa das bodas do Cordeiro. Quem deixa as festas do mundo, vai ter uma festa verdadeira onde vai rolar alegria para sempre.


2. Os vencedores receberão um novo nome

• O maná escondido é Cristo. O novo nome é Cristo. Vamos nos deliciar com o maná e compreender o novo nome. Esta é a visão beatífica.

• Aqueles que conhecem em parte conhecerão também plenamente, como são conhecidos. Aqueles que vêem agora como em um espelho, indistintamente, o verão face a face.

 
 
Estudo extraido do livro: Estudos no Livro de Apocalipse - Rev. Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 2 de março de 2010

Ao Anjo da Igreja em Esmirna

A Cidade de Esmirna
(Estudo Bíblico - adaptado -  ministrado a Igreja Metodista em Jd. Carioca)

A cidade de Esmirna, na antigüidade, foi por muitos anos uma cidade muito rica, antes de ser destruída totalmente no século VI a.C. Mais tarde, por volta do ano 300 a.C. foi reconstruída por Alexandre, o grande. Daí para frente tornou-se uma das cidades mais importantes e prósperas da Ásia Menor. Ali foi erigido um templo à deusa Roma, uma vez que a cidade era aliada e fiel a Roma. Era também o porto natural de antiga rota comercial que atravessava o vale do Hermo, e seu interior era muito fértil. Atualmente a cidade chama-se Izmir, e é a maior cidade da Turquia Asiática. Esmirna era o local de uma das sete igrejas mencionadas na carta do apocalipse.

É muito importante analisarmos os escritos direcionados a Esmirna, por exatos, três motivos:

1) Foi a mensagem de Cristo a uma Igreja constituída assim como a nossa, alertando-a sobre o caminho que deveria seguir;

2) Sua mensagem não ficou restrita a igreja local de Esmirna. Ecoou através do tempo e espaço atingindo as igrejas estabelecidas entre o 2º e 3º século.

3) Sua mensagem não se apagou durante os séculos, pois conseguimos identificar em nossos dias, situações que nos arremetem a lembrarmos de Esmirna. Seus problemas, dificuldades e a mensagem de Cristo a igreja.

A palavra Esmirna quer dizer mirra. Seu significado está intimamente ligado a Igreja. Vale lembrar que a mirra foi um dos três presentes ofertados ao Menino Jesus. A mirra é um arbusto que cresce nas regiões desérticas, especialmente na África (nativa da Somália e partes orientais da Etiópia) e no Médio Oriente. É também, o nome dado à resina de coloração marrom-avermelhada obtida da seiva seca dessa árvore (Commiphora myrrha). A palavra origina-se do hebraico maror ou murr, que significa "amargo". Para extrair do arbusto a substância usada na produção de perfumes e embalsamento de corpos, seus galhos e tronco são intensamente esmagados reduzindo-os a pequenos bagaços, só assim era possível extrair o aroma tão desejado por seus compradores.

A segunda igreja em Apocalipse, Esmirna, que significa "sofrimento" corresponde à segunda parábola do reino dos céus, a parábola do joio e do trigo (Mt 13:24-20;36-43).
A esta igreja, o Senhor se revela como o primeiro e o último. Nada existe antes do primeiro e nada existe após o último, ou seja, todas as coisas estão sob o seu controle, aqui, particularmente o sofrimento, pois Ele também venceu a morte, que não pôde retê-lo (At 2:24), pois Ele é a própria ressurreição (Jo 11:25). Esmirna precisava conhecer isso para que pudesse suportar tamanho sofrimento.

2:9

Conheço a tua tribulação: Jesus, no meio dos candeeiros, viu o sofrimento de seus seguidores. Da mesma maneira que ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério (veja Marcos 1:41), ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor, como veremos no versículo 10. A palavra “tribulação”, aqui, significa pressão que vem de fora.

A tua pobreza (mas tu és rico): Apesar de morarem numa cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres.

Provavelmente sofriam discriminação por causa da fé, e assim se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos necessitados alguns anos antes (veja 2 Coríntios 8:1-9). Mas a pobreza material não tem importância quando há riqueza espiritual (veja 3 João 2). A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual (3:17).

A blasfêmia dos falsos judeus: blasfemar é falar mal. Freqüentemente, refere-se a blasfêmia contra Deus. Aqui, porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus, mas, de fato, não eram verdadeiros judeus. Os Judeus, que tiveram uma sinagoga em Esmirna, perseguiam os cristãos. Ao invés de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão (veja João 8:39-47; Romanos 2:28-29), eram servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis (12:9-10; João 8:44).

2:10

"Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida."

A tribulação de dez dias significa uma tribulação completa, porém, breve. Dez é um número perfeito, que significa completude e brevidade, como nos casos do pedido de permanência de Rebeca em sua casa por apenas mais dez dias (Gn 24:55), os jovens em dieta de apenas dez dias diante do rei da Babilônia (Dn 1:12-14) e a palavra que chegou a Jeremias ao cabo de dez dias (Jr 42:7).

Dez também foram os césares romanos que perseguiram a igreja. Isso ocorreu pelo fato de que os romanos cultuavam a deusa Roma, provedora da unidade de todo o Império. Os cristãos surgem nesta conjuntura como forte ameaça, não religiosa, mas política, uma vez que só adoravam ao único Deus, não divinizavam os imperadores e estendiam a redenção do Senhor aos socialmente excluídos.

2:11

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte."

No contexto da parábola do joio e do trigo, o dano da segunda morte está reservado para os falsos judeus, que serão "lançados na fornalha acesa" (Mt 13:42). O trigo representa os justos, que "resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai" (Mt 13:43).

Então, ser um vencedor em Esmirna era suportar o sofrimento por amor ao Senhor, até a própria morte, pois de modo algum sofreriam o dano da segunda morte. Pelo contrário, tinham a garantia de passar "da morte para a vida" (1 Jo 3:14).

"Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens." (1Co 7:23).



Conclusão

 
Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.
Alguma semelhança com os nossos dias?



segunda-feira, 1 de março de 2010

O Servo do Senhor (Mensgem pregada em 28/02/10 na Igreja de Jardim Carioca)

Texto base: Isaias 52:13-15 e cap. 53.

Esboço: Isaias 52: 13-15
V. 13 - A prudência como base.
V. 14 - A sua aparência diz alguma coisa?
V. 15 - Voce é o que se mostra e não apenas o que dizem de voce!
Isaias 53
V. 1-3: O mundo consegue entender quem é o Cristo que pregamos?
V. 4 - 8: Cristo assumiu o lugar que deveria ser nosso.
V. 9:  Cruscificado como ladrão, enterrado como um rei.
V. 10: O Senhor agradou vê-lo sofrer.
V. 11-12: O propósito do sofrimento.

O livro do Profeta Isaias consegue transmitir, como poucos, a mensagem daquele que viria a ser o Salvador de nossas vidas!
Séculos antes do nascimento do Senhor Jesus Cristo, profecias haviam a Seu respeito e que Isaias exprime com uma clareza fora do comum.
Quando ele(Isaias) fala do Servo do Senhor(Jesus Cristo) mostra evidências que poucos na sua época conseguiram compreender.
Nos textos citados, uma palavra é destacada no verso 13 do cap. 52: "Prudência".
Encotrei um significado tremendo para este termo:

"A prudência dispõe a razão a discernir, em cada circunstância, o nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para o pôr em prática. Ela guia as outras virtudes, indicando-lhes regra e medida".

Em se tratando da Pessoa de Jesus Cristo, a prudência esteve presente em todos os instantes da Sua vida. Esperou o momento certo para agir, falar, demonstrar à que veio. Não se desesperou em mostrar quem era ou o que podia fazer.
Quando pensamos nisto, logo fazemos uma imagem de um homem extremamente paciente, recluso, o que sabemos que não era. A Sua vida, as suas atitude falavam por si.
Aproveito este momento para afirmar que você é o que se mostra e não apenas o que dizem de voce e também para te questionar a respeito da sua aparência: Ela diz alguma coisa de você?
Não me refiro apenas a aparência física, vestimentas, ornamentos. Não apenas isto! A tua aparência demonstra o teu caráter? Voce é aquilo que voce é, por exemplo, em casa e na sua igreja?
O mundo passará a entender quem é o Cristo que pregamos a partir do nosso testemunho de vida!
A partir do nosso testemunho de vida, faremos conhecido que todo o sofrimento de Cristo na cruz por nós não foi em vão e que, na verdade, nós é quem deveríamos ter padecido tudo aquilo. Mas Ele se entregou na cruz por nós. Mudo como uma ovelha ao caminho do sacrifício não se importou em entregar a Sua própria vida em favor de pecadores como nós! Foi um Servo! Morto como um ladrão, enterrado como um rico.
É interessante notar que, conforme Isaias nos relata no versículo 10 do cap. 53 "... ao Senhor agradou vê-lo sofrer". Qual o pai que se agradaria no sofrimento de um filho?
Havia um propósito da parte de Deus em permitir todo o sofrimento de Cristo:
 "Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores".
O Servo do Senhor!
Estamos prontos para pagar o preço de sermos o servo do Senhor?
Voce estaria pronto para renunciar o que de mais valor tem em favor do outro?