terça-feira, 2 de março de 2010

Ao Anjo da Igreja em Esmirna

A Cidade de Esmirna
(Estudo Bíblico - adaptado -  ministrado a Igreja Metodista em Jd. Carioca)

A cidade de Esmirna, na antigüidade, foi por muitos anos uma cidade muito rica, antes de ser destruída totalmente no século VI a.C. Mais tarde, por volta do ano 300 a.C. foi reconstruída por Alexandre, o grande. Daí para frente tornou-se uma das cidades mais importantes e prósperas da Ásia Menor. Ali foi erigido um templo à deusa Roma, uma vez que a cidade era aliada e fiel a Roma. Era também o porto natural de antiga rota comercial que atravessava o vale do Hermo, e seu interior era muito fértil. Atualmente a cidade chama-se Izmir, e é a maior cidade da Turquia Asiática. Esmirna era o local de uma das sete igrejas mencionadas na carta do apocalipse.

É muito importante analisarmos os escritos direcionados a Esmirna, por exatos, três motivos:

1) Foi a mensagem de Cristo a uma Igreja constituída assim como a nossa, alertando-a sobre o caminho que deveria seguir;

2) Sua mensagem não ficou restrita a igreja local de Esmirna. Ecoou através do tempo e espaço atingindo as igrejas estabelecidas entre o 2º e 3º século.

3) Sua mensagem não se apagou durante os séculos, pois conseguimos identificar em nossos dias, situações que nos arremetem a lembrarmos de Esmirna. Seus problemas, dificuldades e a mensagem de Cristo a igreja.

A palavra Esmirna quer dizer mirra. Seu significado está intimamente ligado a Igreja. Vale lembrar que a mirra foi um dos três presentes ofertados ao Menino Jesus. A mirra é um arbusto que cresce nas regiões desérticas, especialmente na África (nativa da Somália e partes orientais da Etiópia) e no Médio Oriente. É também, o nome dado à resina de coloração marrom-avermelhada obtida da seiva seca dessa árvore (Commiphora myrrha). A palavra origina-se do hebraico maror ou murr, que significa "amargo". Para extrair do arbusto a substância usada na produção de perfumes e embalsamento de corpos, seus galhos e tronco são intensamente esmagados reduzindo-os a pequenos bagaços, só assim era possível extrair o aroma tão desejado por seus compradores.

A segunda igreja em Apocalipse, Esmirna, que significa "sofrimento" corresponde à segunda parábola do reino dos céus, a parábola do joio e do trigo (Mt 13:24-20;36-43).
A esta igreja, o Senhor se revela como o primeiro e o último. Nada existe antes do primeiro e nada existe após o último, ou seja, todas as coisas estão sob o seu controle, aqui, particularmente o sofrimento, pois Ele também venceu a morte, que não pôde retê-lo (At 2:24), pois Ele é a própria ressurreição (Jo 11:25). Esmirna precisava conhecer isso para que pudesse suportar tamanho sofrimento.

2:9

Conheço a tua tribulação: Jesus, no meio dos candeeiros, viu o sofrimento de seus seguidores. Da mesma maneira que ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério (veja Marcos 1:41), ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor, como veremos no versículo 10. A palavra “tribulação”, aqui, significa pressão que vem de fora.

A tua pobreza (mas tu és rico): Apesar de morarem numa cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres.

Provavelmente sofriam discriminação por causa da fé, e assim se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos necessitados alguns anos antes (veja 2 Coríntios 8:1-9). Mas a pobreza material não tem importância quando há riqueza espiritual (veja 3 João 2). A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual (3:17).

A blasfêmia dos falsos judeus: blasfemar é falar mal. Freqüentemente, refere-se a blasfêmia contra Deus. Aqui, porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus, mas, de fato, não eram verdadeiros judeus. Os Judeus, que tiveram uma sinagoga em Esmirna, perseguiam os cristãos. Ao invés de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão (veja João 8:39-47; Romanos 2:28-29), eram servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis (12:9-10; João 8:44).

2:10

"Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida."

A tribulação de dez dias significa uma tribulação completa, porém, breve. Dez é um número perfeito, que significa completude e brevidade, como nos casos do pedido de permanência de Rebeca em sua casa por apenas mais dez dias (Gn 24:55), os jovens em dieta de apenas dez dias diante do rei da Babilônia (Dn 1:12-14) e a palavra que chegou a Jeremias ao cabo de dez dias (Jr 42:7).

Dez também foram os césares romanos que perseguiram a igreja. Isso ocorreu pelo fato de que os romanos cultuavam a deusa Roma, provedora da unidade de todo o Império. Os cristãos surgem nesta conjuntura como forte ameaça, não religiosa, mas política, uma vez que só adoravam ao único Deus, não divinizavam os imperadores e estendiam a redenção do Senhor aos socialmente excluídos.

2:11

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte."

No contexto da parábola do joio e do trigo, o dano da segunda morte está reservado para os falsos judeus, que serão "lançados na fornalha acesa" (Mt 13:42). O trigo representa os justos, que "resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai" (Mt 13:43).

Então, ser um vencedor em Esmirna era suportar o sofrimento por amor ao Senhor, até a própria morte, pois de modo algum sofreriam o dano da segunda morte. Pelo contrário, tinham a garantia de passar "da morte para a vida" (1 Jo 3:14).

"Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens." (1Co 7:23).



Conclusão

 
Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.
Alguma semelhança com os nossos dias?



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